Cárcere sem grades
Terapeuta vibracional faz campanha nacional para combater a violência domêstica
Maria senta-se no sofá. Arruma-se várias vezes. E logo dispara. “Ele é bom, mas, ás vezes, me sufoca e faz entristecer a minha alma”. O cheiro de incenso invade as narinas da mulher, tine nome a fictício, mas a história real. 0 ambiente pouco iluminado e a música para relaxamento são um convite para o recolhimento. Na frente de Maria está a terapeuta vibracional Cecilia Tannuri. Maria é vítima de violência doméstica. Seu marido, um alto executivo, a vigia e a pressiona a todo momento. Maria tern uma ferida invisível, mas que se aprofunda dia-a-dia. Foi a procura de Cecilia sem contar a ninguém. E, para esconder a sua dor, mascarou automaticamente Os seus traços tristes por expressões alegres. Cecilia sabe bem o que é isso. Já passou por violência psicologica dentro de casa. Sofria agressões verbais e pressão. O mesmo grito de socorro que Maria pede agora, num misto de querer e não querer a ajuda, um dia Cecilia o deu. Gritou, esbravejou, lutou e venceu. Em novembro de 2008. apps repercussão de urn de seus artigos no jornal O Diário, de Barretos (SP), resolveu lançar a campanha nacional Violência Sem Rastros – Onde se esconde? “Muita gente começou a me ligar para pedir ajuda depois da publicação. Em 12 anos de profissão. realizou terapia breve em cerca de 5 mil pessoas. Agora, dedica um dia da semana a campanha, sendo que já atendeu por volta de 15 pessoas entre mulheres. homens e jovens. Outra iniciativa é a realização de palestras. Todo o trabalho é gratuito e bancado pela suas clínica terapêutica Glork. A violência doméstica atinge apenas mulheres. Segundo Cecilia “Homens, jovens e até crianças estão sendo vitimas de violência em suas casas”. Como a campanha tem âmbito nacional, Cecilia atende gratuitamente per telefone e até viaja fora do Estado para tentar libertar os prisioneiros desse carcere sem grades. Criançasas e adolescentes até 18 anos só sao atendidos na companhia dos pais. “Porque ajuda os pais a saírem do padrao de violência”. A terapia de Cecilia dura, em média, três meses.
“Ajudo a pessoa a se conhecer primeiro e depois dou caminhos para que procure ajuda junto aos Òrgãos competentes. Ajudo num primeiro momento, aquele quo considero mais difícil. É preciso ter força e coragem para dizer que é violentada. Mesmo casada, a mulher não pode ser obrigada pelo marido a fazer sexo. Mas muitas se acostumaram a esse padrao”. Por isso, segundo Cecilia, a violência não escolhe classe social, raça ou religiao. Em seu trabalho, tem como principal objetivo promover a saúde e o bem-estar, eliminando sensacões come pânico, medo, angústias e
depressão. A terapeuta faz isso baseada nos valores humanos e na busca por uma boa qualidade de vida. Atualmente, Cecília tem quatro livros editados e lançados sobre os assuntos que aborda. Sao eles: Somos Indigos – que esta em sua 7° edição,Somos Indigos Volume 2, Glork e A Jornada de Um Indigo. Suas obras abordam temas come o amor incondicional, o bom uso da energia, a consciência, os
relacionamentos interpessoais, o mau use do poder, entre outros. A próxima obra a ser lançada é o livro Resgate Uma Vida, e o tema tratado é a violência contra a mulher, chamada pela autora de “violência sem rastros”. O nome foi dado per conta da violência doméstica, uma vez que as vitimas, geralmente, não denunciam seus agressores. Para ela, a tristeza profunda pode desenvolver até um câncer. “A doença é genética, mas algo a faz desencadear. Por isso, nao dá para separar o espíritual da ciência”. Para Cecília, uma basta a violencia é a garantia de bem-estar. “A mulher pode ser meiga, mas precisa conviver com a verdade. Pode mudar a forma coma fala, mas não pode deixar de falar o que a incomoda. “A Lei Maria da Penha é ótima e um grande avanço”.